domingo, 27 de novembro de 2011

Consumo de vinho e saúde

Nosso companheiro rotariano Luiz Freitag, médico geriatra, com especialização na Faculdade de Medicina de Harvard (EUA), foi o palestrante convidado para reunião almoço no Rotary Club de São Paulo. Aqui vai um resumo sintético da palestra, proferida com a competência científica de um dedicado estudioso. O tema escolhido, muito oportuno, prendeu a atenção dos presentes. Inicialmente citou uma frase de um poeta francês que viveu no século XIX - "Quem abusa de qualquer líquido não se mantém sólido por muito tempo". Este foi o mote da minha palestra, cujo resumo segue.

Desde a antiguidade o homem sabia que o vinho era um remédio para o coração. Se não era conhecido para as enfermidades cardíacas, com certeza era para as dores da alma. Isso está expresso em inúmeros poemas registrados pela literatura. Omar Kayan, poeta persa que morreu em 1.123, provavelmente autor do maior número de poemas relativos ao vinho, escreveu - "Vinho, eis o remédio que carece o meu coração doente. Vinho com perfume, almiscarado, vinho cor-de-rosa". Entretanto, essa relação vinho e coração só começou a ter maior importância quando em 1991, um programa da televisão americana da rede CBS abordou em detalhes o "paradoxo francês". Tratava de estudos realizados na Europa e nos EUA, cujos resultados evidenciavam uma inconsistência entre o estilo de vida e a incidência de doenças cardiovasculares na França. Em outras palavras, praticavam uma dieta diária rica em gorduras (manteiga, queijos, ovos) e poucos exercícios físicos. Ainda assim, os franceses tinham uma incidência de doenças cardíacas 40% menor que os americanos. O paradoxo, isto é, essa incompatibilidade existente entre uma dieta rica em gorduras e o baixo índice de doenças cardíacas, devia-se ao hábito dos franceses de ingerirem vinho diariamente durante as refeições. Aparentemente, haveria uma proteção cardiovascular. A partir dessa observação do paradoxo francês, mais de treze mil trabalhos foram publicados na literatura científica mundial, mostrando que o vinho tem as mais variadas virtudes terapêuticas. Vinho produzido a partir de uvas vermelhas escuras e roxas e não de brancas.
Continuando, o palestrante se referiu a vários estudos a respeito dos efeitos protetores do vinho que são atribuídos a flavonóides nele contidos que possuem propriedades antioxidantes, vasodilatadoras e antiagregantes. Falou que a ingestão moderada do vinho também pode ser associada aos níveis de exercícios físicos, aumentando 12% do HDL, o bom colesterol. A seguir falou sobre o resveratrol contido no vinho e no suco de uva. Disse que essa substância é altamente benéfica e capaz até de inibir as fases de iniciação de um tumor. O suco de uva deve ser ingerido o dobro do que se tomaria em vinho. O suco deve ser natural, sem açúcar, integral, sem conservantes químicos, não ingerido juntamente com outro alimento, em pequenas doses, para que se tenha uma sobrevida melhor. A dose ideal de vinho é de 127 ml, contida em pequenas garrafas à venda, ou 2/3 do copo para vinho tinto.
A seguir falou a respeito dos danos à saúde provocados pelo excesso do consumo de vinho e outras bebidas alcoólicas, que pode provocar câncer na laringe, faringe, esôfago, fígado e outros órgãos. Citou trabalhos e estudos feitos em 2009 pelo Instituto Nacional do Câncer, da França, e da Universidade da Califórnia, EUA. Citou mais um estudo feito pela Universidade de Harvard, EUA, e da Universidade de Atenas, publicado no British Medical Journal, onde por 8 anos, 23.349 pacientes, homens e mulheres, sem nenhuma doença prévia consumiram uma dieta mediterrânea muito conhecida e comum na Grécia. Nesse estudo ficou comprovado que o vinho foi um auxiliar efetivo na redução de doenças cardiovasculares.
Disse ainda, que o estilo de vida é um fator de grande importância para se manter a boa saúde. Além do vinho, é necessário que as pessoas pratiquem exercício físico, como uma caminhada de 30 minutos. São fatores importantes - Não fumar. Tratar diabetes existentes. Saber conviver com stress. Rir à vontade. O riso faz muito bem ao organismo. Manter amigos, como a gente mantém aqui no Rotary, e também descobrir atividades para o lazer. Se o indivíduo for aposentado, procurar uma ocupação para manter o cérebro ativo e a memória em dia. Ao terminar enfatizou - o vinho é bom, dependendo da quantidade que se tome.