terça-feira, 17 de novembro de 2015

Automação vai mudar os empregos mais do que matá-los

Em recente artigo no blog Bits, do New York Times foi abordado o assunto analisando o papel da automação frente ao mercado de trabalho.
O autor (Steve Lohr)  argumenta que os softwares inteligentes e os robôs ainda não estão totalmente adequados para acabar com a maior parte dos empregos pelo mundo. Ao mesmo tempo podemos acreditar que a automação voltada para a tecnologia poderá afetar a maioria de cada empregado na área tecnológica, podendo mudar a forma de trabalhar nesta área. Por outro lado,  relatório publicado McKinsey recentemente com base em pesquisas de dois membros do McKinsey Global Institute, braço de pesquisa da empresa de consultoria, e por um outro funcionário McKinsey, acrescenta um toque para o debate sobre a natureza provável e o ritmo da automação no local de trabalho.
Os temores atuais com relação à automação, essencialmente, se baseiam em dois pressupostos. Em primeiro lugar, a velocidade dos avanços em software digital e hardware é mais rápida do que em ondas anteriores de mudança tecnológica. E segundo, os softwares inteligentes e as máquinas estão cada vez mais capazes de automatizar tarefas cognitivas, e não apenas as tarefas físicas. A inteligência artificial, ao que parece, esta sim, representa um novo tipo de ameaça para o emprego - não tanto substituindo o esforço muscular, mas a capacidade cerebral.
Olhando para as tendências em inteligência artificial, Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, pesquisadores da Universidade de Oxford, estimam em um artigo publicado há dois anos, que 47 por cento dos empregos norte-americanos estavam em risco devido à automação.
A pesquisa da McKinsey sugere um tipo diferente de impacto, pelo menos durante os próximos três a cinco anos, que foi o período de tempo considerado em sua análise. O estudo da McKinsey constatou que menos de 5 por cento dos postos de trabalho pode ser totalmente automatizado usando "tecnologias atualmente demonstradas", que seriam as tecnologias que estão, ou no mercado, ou em laboratórios de pesquisa.
Em vez disso, a nova pesquisa se ​​concentra no trabalho correspondente à subocupação, para cerca de 2.000 diferentes tipos de atividades de trabalho, em cerca de 800 ocupações, usando as definições de um projeto patrocinado pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. Com este foco, os pesquisadores concluíram que 45 por cento das atividades de trabalho podem ser automatizadas, o que poderia afetar as pessoas em muitas ações diferentes.
O trabalho visado pela automação não é apenas para tarefas de rotina em postos de trabalho de menor remuneração. "A maioria dos altos salários, empregos altamente qualificados têm uma quantidade significativa de atividade que pode ser automatizada", disse Michael Chui, diretor do McKinsey Global Institute, e um co-autor do relatório.
Tarefas em que parte das atividades poderiam ser automatizadas incluem médicos, gerentes financeiros e altos executivos. No alto da pirâmide do trabalho corporativo, ou seja, aquela parte que inclui os principais executivos, mais de 20 por cento do trabalho pode ser automatizado, segundo as estimativas da McKinsey. As tarefas de CEO que poderiam ser automatizadas com os softwares inteligentes incluem análises de relatórios e dados para a tomada de decisões operacionais, para a preparação de designações de pessoal e para a revisão de relatórios de status.
Paisagistas e profissionais de saúde aplicados em tarefas como home-care, estão entre as ocupações menos suscetíveis a automação previstas para os executivos-chefes, de acordo com a McKinsey.
O valor da pesquisa McKinsey, dizem os especialistas, é que ela fornece uma análise de bastante detalhada do impacto da automação.
"Não faz muito sentido olhar para automação no nível de tarefa, como uma maneira de pensar sobre como redefinir o emprego", disse Erik Brynjolfsson, professor da Sloan School of Management do MIT e co-autor de "The Second Machine Age: Work, Progress, and Prosperity in a Time of Brilliant Technologies. "
Os autores da McKinsey destacam o potencial de automação para enriquecer o trabalho, liberando as pessoas para se concentrarem em tarefas mais criativas. Aparentemente, existe uma vasta gama de espaço para melhorias nessa frente. De acordo com um cálculo apresentado no relatório, "apenas 4 por cento das atividades de trabalho em toda a economia dos EUA exigem criatividade a nível humano mediano de desempenho."

Referência: Bits - The New Yor Times - Steve Lohr